Vergonha: dois meses depois da chegada e só agora penso em escrever as impressões da viagem. E, puxa vida, foi A viagem.
Resumão: Cambridge agora é a minha segunda casa. Uma semana e eu já não estranhava mais todo mundo falando inglês, já ia da residência pra
escola e de lá pro centro com os olhos fechados e ficava torcendo pra aquelas semanas passarem bem devagarinho.
Preciso registrar tudo, ainda que aqui: o professor "gente boa", o metido a engraçado, a que estava sempre entediada e o que não respondia aos meus cumprimentos, e fazia cara de nojo (me disseram que ele era formado pela Cambridge University, mas ninguém sabia porque ele dava aula de inglês ali. Eu o achava muito esnobe, mas talvez fosse muito amargurado).
Falei que fiquei na turma do Avançado? Muitos orientais: coreanos simpáticos e uma japonesa generosa que me acolheu e dava dicas para eu "não passar vergonha". A senhora suíça que nos fazia morrer de rir contando da sujeira que estava o banheiro, o quarto, a cozinha do bloco em que ela estava morando, na residência... E eu olhava pros lados e via estudante de tudo quanto é lugar da Europa e do mundo.
E tinha um turco, viu? "O" turco. Mas eu "amarelei" e nunca consegui falar com ele. A boba aqui só ficava pensando na diferença de idade ("e se eu for dez anos mais velha do que ele?"), porque, bem, todo mundo achava que eu tinha pouco mais de vinte anos. Até eu não acredito nos 34, pra falar a verdade.
Mas a questão é que o meu inglês melhorou muuito, o meu mundo se ampliou, eu andei por quatro países sozinha, e agora acho que posso tudo. Esta cidade, o Estado, o país é pouco, muito pouco: não vejo a hora de conhecer o mundo.