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"Qual a tristeza que se iguala àquela de quem está só?
Vivi um dia na companhia de um rei que muito amava,
E meu braço pesava, com o peso dos anéis que me dava,
E meu coração se oprimia com o ouro de seu amor,
A face de um rei é como o Sol para os que vivem ao seu redor,
Agora, contudo, meu coração vazio está,
E erro sozinha pelo mundo.
Os bosques florescem,
As árvores e os prados crescem livremente,
Mas o cuco, dentre todos os cantores o mais triste,
Chora a angústia solitária do exílio,
E meu coração andarilho vagueia
Em busca daquilo que nunca mais vi;
Todos os rostos são iguais para mim,
Se não posso ver o do meu rei,
Assim como todos os países se parecem,
Quando não posso ver as terras felizes e os prados de meu país
Ergo-me, então, seguindo meu coração errante,
Quando não posso ver a imagem de meu rei
E o peso em meu braço não passa de uma tora dourada,
Quando o coração está vazio, sem o peso do amor
Vou seguindo a vagar
Pelos caminhos dos peixes,
E pela rota da grande baleia
E além do país das ondas
Com ninguém para acompanhar-me
A não ser a lembrança daqueles que amei
E as canções que outrora cantei com o coração
E o lamento do cuco na memória..."
(Marion Zimmer Bradley, As Brumas de Avalon, Livro 4 – O Prisioneiro da Árvore)
Karla
às 20:30 ::
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