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Quando tenho as crises alérgicas (o que tem ocorrido muito freqüentemente), olho para os meus remédios salvadores e dou graças a Deus por eles terem sido descobertos. Umas poucas doses e o meu corpo volta ao normal. Mas ontem, olhando as embalagens, de repente li os nomes dos laboratórios: "A" e "B", um americano e outro alemão. Puxa, que bom viver em um país "moderno" de um mundo "globalizado", cuja população tem acesso ao que há de mais avançado em medicamentos! Sou pessimista, vivo em estado de permanente preocupação com o que há de vir, mas não é preciso esperar o amanhã chegar para perceber que logo ali - pode ser na favela aqui pertinho - alguém não pode comprar um remédio bobo pra acabar com um acesso de tosse alérgica. Quem sabe, se eu tivesse nascido no Iraque, talvez eu não tivesse conseguido atingir a idade adulta, já que, com o embargo dos EUA ao país, faltam até as drogas mais elementares. Ou eu poderia ter nascido na África, e ter padecido da necessidade mais básica do ser humano e ao mesmo tempo mais vergonhosa: a fome. Meninos, eu vi o futuro e ele me pareceu sombrio demais para eu desejar fazer parte dele. Na minha concepção do amanhã, devemos aproveitar desde já os "benesses" da civilização - carros, roupas, shoppings, etc - porque provavelmente só um estrito e privilegiado grupo continuará com poder aquisitivo suficiente para consumir esses produtos. Porque eu imagino a grande maioria dos habitantes deste planeta azul futuramente vivendo em "guetos", marginalizados e trabalhando feito escravos para a minoria gozar de todas as "mordomias" que a tecnologia pode proporcionar, enquanto se perguntam como puderam deixar que tudo terminasse desse jeito. Meninos, vigiai: por acaso quereis para vós essa servidão?
Karla
às 10:25 ::
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