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Em janeiro de 1998 li, assustada, nos jornais, a notícia da morte de um rapaz e o desaparecimento da sua namorada. O detalhe é que eu conhecia um pouco a menina, Andrezza: morava na rua paralela à minha e malhava na mesma academia que eu. Muito calada, gostei do seu jeito reservado; cheguei até a lhe dar uma carona, tendo ela me contado que planejava fazer vestibular para Educação Física. De repente, esse crime se tornou o mais famoso da época; o seu corpo nunca foi encontrado, e o seu pai luta até hoje para desvendar esse mistério (segundo ele, ela está viva, refém de um traficante) - acabo de ouvir o seu depoimento no rádio, acusando o Secretário de Segurança à época de ter forjado provas para acusar inocentes e "dar satisfação à sociedade". Passados alguns meses do crime, em palestra na Escola Superior da Magistratura, esse secretário afirmou que ela fazia parte de uma quadrilha de traficantes, que era envolvida com drogas, etc. Nunca pude acreditar nisso. E agora todos chamam o pai dela de louco, e nada é investigado, fica tudo "por isso mesmo". Vontade de mudar o mundo: encontrar um daqueles "soros da verdade" e descobrir tudo o que é encoberto propositalmente. Impotência. Frustração. Não sei se vale tanto a pena viver para ver tudo isso que acontece por aí. Será que ainda dá pra voltar pro seu útero, mãe?
Karla
às 11:12 ::
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