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Mesmo eu estando no mesmo lugar, percebo as voltas que o mundo dá. Explico: há exatamente um ano - 24 de julho, para ser mais exata - fui, a contragosto, ao aniversário do marido de uma colega de faculdade que mora no DF (lembro bem a data devido à pior crise alérgica que tive e que começou na mesma noite). Casa enorme em uma praia afastada, todos competindo para ver quem era mais bem-sucedido, principalmente o aniversariante, que arranjou até charutos cubanos para os homens fumarem; eu tava me sentindo tão enojada com essa competição que deve ter sido por isso que adoeci. Comigo foram um casal de amigos e os padrinhos dele - "puxa-sacos" de plantão, já que o dono da casa (como assessor de um Ministro) foi quem indicou a minha amiga e o padrinho aos cargos que ocupam agora, muito bem remunerados e que não requer concurso, ressalte-se. Várias vezes durante a noite me perguntei o que é que eu estava fazendo ali, já que o meu emprego não foi ele quem arranjou e a minha amizade com a esposa era bem superficial. Também fiquei pensando se eu tava vivendo numa outra dimensão ou eles é que eram os vitoriosos, já que, no meu mundo, mesmo quem ganhava bem não estava em condições de levar uma vida luxuosa, ao passo que a conversa lá girava entre casas em condomínios fechados a viagens constantes ao exterior. Não precisei de mais de um ano para obter a resposta: desde domingo, os nomes dele, da esposa e do cunhado aparecem nos jornais como envolvidos no mais novo escândalo sobre irregularidades no ministério. Comparando as nossas posições agora, posso dizer que definitivamente não sou eu quem está com problemas para dormir à noite!
Karla
às 19:08 ::
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