Tempo, tempo, tempo: é só nisso que penso agora. A preocupação invade os meus sonhos, torna-os pesadelos e eu passo o dia todo a me lembrar da cara severa daquela freira do antigo colégio - que eu odiava - a me dizer: "você ainda não fez a lição de casa???". Bendita e maldita escola: ao mesmo tempo em que me forneceu uma ótima base em (quase) todas as matérias, inculcou em mim um temor absurdo pela pena que sofreria se não fizesse tudo de acordo com as regras (medo esse que até hoje ainda não me desvencilhei totalmente). Depois de algum tempo de análise e reflexão, porém, o difícil foi cair em mim e descobrir que o problema era meu, e que era eu quem exigia tanto de mim mesma; a minha irmã também estudou lá, puxa vida, e é uma malandra de marca maior. Fácil transferir a responsabilidade para algo (ou alguém), não? Para mim, sempre foi.
E lá vem o pensamento de novo - culpa, culpa, culpa - e eu devo sair da frente do micro e estudar para a prova, senão hoje à noite virá me assombrar o monstro-de-cem-olhos que vê tudo o que eu faço - e, principalmente, o que eu NÃO faço - e, com certeza, vou morrer de medo daquele olhar acusador que só eu sei como me apavora. Pois eu tenho medo de olhares, sabiam? Amedrontam mais do que palavras. Deve ser por isso que sempre tento conservar uma expressão de compreensão com quem estou falando, para não deixar o outro intimidado. Karla, a Compreensiva. Falando nisso, que tal compreender um pouco as minhas eternas confusões juvenis, hein?
Karla
às 14:56 ::
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