Sumiço grande, né? Foi proposital, saibam. Talvez tivesse sido melhor ter desabafado aqui as confusões da minha mente juvenil - num corpo de uma pré-balzaca, pode? -, mas as palavras simplesmente não saíam. Porque o Ano Novo foi de novo uma porcaria, o calor desta cidade (pela primeira vez na vida) está me sufocando, meus amigos ou se mudaram ou sumiram, e eu ainda tenho que reunir toda as forças que me restam para ter coragem de acordar todo dia. Mais uma vez, a sensação de estar no lugar errado, na hora errada e com as pessoas erradas. Puxa vida, a cegonha que me trouxe deve ter tomado uns drinques a mais e trocado o meu endereço, só pode ser: nunca vi alguém tão diferente da família como eu (entenda-se por família, nesse caso, os pais, os parentes mais próximos e os não tão próximos também). Sabe quando você se sente uma entidade biológica extraterrestre? Oui, c'est moi. Mas, depois dessa pensação toda e nenhuma conclusão concreta, eis que sexta passada, ao concluir a minha avaliação do semestre passado, o meu chefe pergunta para que cargo eu quero indicação e aí, de repente, acende aquela luzinha denotativa de idéia brilhante: "Brasília, é isso!" Pode ser a solução para os meus problemas, sim, senhor: nova cidade, novo cargo, um lugar para chamar de meu... Claro, acompanhado de um custo de vida lá nas alturas, adaptação de quem nunca morou sozinha na vida e todos os sacrifícios e atropelos de um novo começo, estou consciente disso. Mas é no momento da pergunta-chave - o que é de tão importante que pode me segurar aqui, afinal? - que o placar se define: Prós 6 X Contras 3 (e sem gols de bola parada, ressalte-se). Conversando com Flavinho, ele me diz, certa hora: "Pense no que for bom para você". É, meu amigo, precisa que seja bom para mim, sim, pelo menos uma vez na vida. Contudo, só poderei concorrer a uma nova comissão após 12 de julho - um ano depois da posse na atual -, e, como você falou, vou ter tempo bastante para amadurecer a idéia. Vou torcer para que dessa vez, só dessa vez, os dados me sejam favoráveis. Torçam por mim.
Karla
às 22:18 ::
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