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Confesso que chorei: há quase uma semana, quando finalmente tirei o gesso - de alívio - , e diariamente antes disso, porque tinha que deixar a angústia sair daqui de dentro de alguma forma. Ainda dá tristeza em momentos como este, no qual tento digitar com a mão esquerda e os dedos, definitivamente, não obedecem aos comandos do meu cérebro. Comecei a fisioterapia quinta passada, comprei uma bolinha para exercitar as mãos em casa, mas tá me faltando paciência, sabe? Ainda estou mancando mais do que deveria e me cansando à toa, a enfermeira da clínica de Recife fez o favor de tirar antes do tempo - contra a minha vontade - dois pontos do braço que estão demorando a fechar, e "só" por causa disso estou tendo que ir ao hospital fazer curativo quase todo dia (pronto, lá vem a ranzinzice de novo). Isso me lembra que fiquei p* da vida com uma senhora na clínica, que choramingava porque o dedo mínimo da mão esquerda tava "torto" (argh!). Eu contei pra vocês o total de pontos da última cirurgia? 70, "cravados": 33 no braço esquerdo, 32 na perna direita e 5 no pé esquerdo (esses para tirar sangue pro fator de crescimento). Na primeira foram 15 no braço e 5 na bacia; na segunda, 25 no braço; tô PhD em fios de nylon, éter, PVPI e ataduras (sem ironia); o "cheiro" de hospital já não mais me embrulha o estômago, mas assistir a uma cena que seja de ER se tornou impossível. Não ligo mais quando as pessoas ficam olhando para o meu braço cheio de ataduras; "foi acidente?" - perguntam. "Não, cirurgia para tirar um tumor" - respondo, com o semblante mais tranqüilo deste mundo (é "batata": ficam mudas de espanto, pena, seja lá o que for, e me deixam em paz). Não, não tenho pena de mim (há tragédias mil vezes piores), só MUITA saudade de usar a mão esquerda. Vida normal: é disso que eu preciso.
Saiu tudo isso aí em cima de uma vez, aos borbotões: quem disse que blogoterapia não funciona?
Karla
às 00:25 ::
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